Conheça a história real de Seu Ourívedes, um trabalhador dedicado do ramo de restaurantes, que ao lado de sua esposa, buscou uma vida mais tranquila ao abrir um negócio próprio – mas acabou enfrentando um pesadelo financeiro. Este é um relato sobre os desafios de empreender sem planejamento e os riscos de vender fiado.
O Início do Sonho
Após anos de trabalho em um restaurante, Seu Ourívedes, especialista em desossar carnes, e sua esposa, auxiliar de cozinha, resolveram que era hora de finalmente construir um futuro mais tranquilo. Com uma reserva financeira modesta, decidiram se aventurar no próprio negócio. Saíram do emprego, receberam seus direitos trabalhistas e alugaram um ponto comercial. Sem conhecimento sobre planos de negócios, começaram uma série de reformas no local, compraram móveis, mesas, cadeiras e estocaram alimentos, sem ainda saber ao certo o tipo de estabelecimento que abririam.
Depois de quatro meses de gastos e sem renda, o casal finalmente inaugurou uma padaria, onde revendiam produtos de uma panificadora local e preparavam lanches rápidos e frangos assados para os fins de semana. Contrataram apenas uma funcionária, Lurdes, para ajudar em múltiplas tarefas, de limpeza ao atendimento, tudo isso em uma jornada extenuante para todos. Mas, o que era para ser um novo começo com menos trabalho e mais tranquilidade acabou se tornando uma rotina de longas horas e trabalho aos domingos e feriados – exatamente o oposto do que haviam planejado.
A Promessa de Um Grande Cliente
Um dia, a esposa de Seu Ourívedes ficou animada ao contar sobre um grupo de trabalhadores que, de passagem pela cidade, gostaram tanto do atendimento que prometeram voltar. Liderado por Osmar, o grupo, composto por seis trabalhadores, tornou-se frequentador diário do estabelecimento. O casal até contratou mais uma funcionária para ajudar, pois o grupo passou a consumir todas as refeições na padaria, pagando em dinheiro a cada refeição.
A frequência e o consumo crescente dos trabalhadores trouxeram uma ilusão de estabilidade financeira, e assim começou o fiado. Inicialmente, apenas um chocolate aqui, uma bebida ali, sempre prometendo pagar na quinzena. Logo, cada um dos seis trabalhadores possuía uma conta aberta no caderno da padaria.
O Alerta Ignorado
Com o tempo, Osmar, o líder do grupo, passou a pagar semanalmente, depois mensalmente. E, então, o golpe foi dado: após acumularem uma dívida considerável, o grupo simplesmente desapareceu, deixando Seu Ourívedes com um enorme prejuízo. Ao visitar o alojamento, ele descobriu que a comitiva havia deixado a cidade sem aviso, e não havia qualquer informação sobre a origem ou destino deles.
O golpe afetou a padaria drasticamente: com boletos a pagar, salários atrasados das funcionárias e prateleiras vazias, o casal foi forçado a fechar o estabelecimento. As funcionárias, que também ficaram sem pagamento, acionaram a Justiça para receber seus direitos. Em meio ao caos financeiro, o casal viu a conta bancária ser engolida por juros de cartão de crédito, limites estourados e, para sobreviver, recorreram a empréstimos de capital de giro e crédito pessoal.
O Fundo do Poço e a Ajuda Jurídica
Com as contas completamente fora de controle, o casal decidiu procurar ajuda. Na época, já estavam afundados em dívidas com dois bancos e não conseguiam pagar as parcelas dos empréstimos. Desempregados, mudaram-se para outra cidade em busca de um recomeço e um emprego que lhes trouxesse algum alívio. Foi nesse momento crítico que nos contrataram.
Ao analisar a origem das dívidas e a situação do casal, identificamos que as cobranças e juros eram excessivos, e os pagamentos impossíveis de serem cumpridos. De imediato, entramos em contato com os bancos, mas as propostas iniciais não eram viáveis para o casal. Decidimos então ajuizar uma ação contra as instituições bancárias, visando a revisão do saldo devedor.
O Desfecho: Uma Segunda Chance
Na audiência de conciliação, conseguimos negociar um acordo vantajoso, ajustado à realidade financeira do casal. As parcelas foram reduzidas, os juros renegociados, e Seu Ourívedes e sua esposa conseguiram quitar suas dívidas e recuperar o nome limpo. Com uma lição aprendida sobre planejamento e gestão, eles finalmente voltaram a construir uma vida digna e tranquila, como sempre sonharam, porém, novamente empregados.
Lição Aprendida
A história de Seu Ourívedes nos ensina a importância do planejamento ao empreender, a necessidade de um plano de negócios e a cautela com vendas a prazo ou fiado. Contar com um profissional qualificado em direito bancário foi fundamental para que eles pudessem reorganizar sua vida financeira. Quando o assunto é dívida, contar com ajuda especializada pode ser a diferença entre afundar ainda mais em juros abusivos ou alcançar um novo recomeço.